Filmes e Séries

Pouca gente viu, mas esta minissérie da Netflix de apenas 2 horas já é considerada obra-prima

De tempos em tempos aparece um título curto que cabe numa tarde e continua reverberando por dias. Nada Ortodoxa faz isso com uma eficiência rara: usa poucos episódios para mostrar como o controle social pode moldar — e sufocar — uma vida. Em vez de barulho, aposta em detalhes: um olhar que hesita, um gesto que não pode, uma música que abre uma fresta.

A história acompanha Esty (Shira Haas), jovem de uma comunidade hassídica em Williamsburg, que foge para Berlim tentando respirar fora de um casamento arranjado e das regras rígidas que pautam tudo — da roupa ao tempo de intimidade. Enquanto ela tateia uma nova cidade e descobre a própria voz (literalmente, pela música), o passado vem atrás: família, marido, expectativas e culpas.

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Como a série conta é parte do impacto. Dirigida por Maria Schrader, a minissérie alterna o cotidiano sufocante do bairro em Nova York com a arquitetura aberta de Berlim. A câmera fica perto da pele de Esty; quando ela tropeça, a gente escuta a respiração. A trilha não “explica” emoções — deixa silêncio quando dói — e o iídiche é levado a sério, com consultoria e elenco preparado, o que dá corpo às tradições mostradas em tela.

Shira Haas carrega a narrativa com um trabalho minucioso: o jeito de andar muda, o tom da voz abre aos poucos, os olhos contam o que ela ainda não consegue dizer. A série também dá espaço aos coadjuvantes sem vilanizar caricaturalmente quem ficou — há afeto, há medo, há gente que acredita estar fazendo o certo. Essa ambivalência torna tudo mais humano.

Por que tanta gente chama de obra-prima? Porque o roteiro evita o caminho fácil. Há rigor na reconstituição cultural, tensão sem histeria e cenas que grudem (o casamento, a preparação para a mikvá, a audição em Berlim). O choque vem do contraste: o mundo que vigia cada passo vs. a cidade que oferece escolhas — e da constatação de que liberdade também cobra um preço.

Tempo e ritmo. Oficialmente, são quatro episódios que somam perto de 3h30. Ainda assim, a sensação é de filme “de pouco mais de duas horas”: a montagem é econômica, não há gordura, e cada sequência empurra a próxima. Dá para ver numa sentada só — e falar muito depois.

Avisos de conteúdo: temas de casamento forçado, pressão religiosa, abuso emocional e sexualidade aparecem com sobriedade, mas podem ser gatilhos. Em troca, a minissérie oferece matéria-prima de discussão sobre autonomia, pertencimento e o que significa reescrever a própria história quando todo o entorno diz “não”.

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Gabriel Pietro

Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.

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