Filmes e Séries

Suspense da Netflix é tão bem amarrado que você só entende tudo no último segundo

Alguns filmes plantam pistas como quem espalha migalhas no mato — você até percebe algo estranho, mas só descobre o formato completo do labirinto quando a porta se fecha atrás de você.

A Cura (2016), de Gore Verbinski, faz exatamente isso: começa como viagem corporativa inofensiva e termina num espiral de paranoia que obriga o espectador a recolher cada detalhe na memória.

Logo de cara, o roteiro apresenta Lockhart (Dane DeHaan), executivo ambicioso convocado a buscar o CEO da empresa, internado num centro de bem‑estar nos Alpes suíços. O lugar parece um cartão‑postal: termas de mármore, funcionários sorridentes, pacientes em roupões impecáveis. Só que o tempo passa, o chefe não aparece — e Lockhart percebe que “alta tensão” ali é mais do que spa luxuoso.

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Os bons sustos não vêm de monstros saltando do escuro, mas do clima. Verbinski filma corredores alvos demais, tanques de hidroterapia que refletem tudo menos paz e salas de tratamento cheias de engrenagens de cobre que lembram instrumentos de laboratório vitoriano.

A fotografia de Bojan Bazelli mescla verdes doentes e brancos clínicos, criando a sensação de hospital que não cheira a desinfetante, mas a segredos antigos.

O elenco ajuda a empurrar a trama para a estranheza total. Jason Isaacs vive o diretor Volmer com cordialidade cirúrgica; cada fala dele parece sedar e cutucar ao mesmo tempo.

Já Mia Goth surge como Hannah, a “paciente especial” que passeia pelos telhados como se nunca tivesse visto o mundo além dos portões — um aviso de que o sanatório opera em fuso horário próprio.

O roteiro solta frases enigmáticas (“a doença é a cura”, “a água sabe”) enquanto Lockhart coleta indícios: fichas médicas sumidas, moradores locais que evitam o assunto, e um histórico de incêndios que a administração prefere varrer para baixo do tapete persa. Há também um lago subterrâneo onde enguias se acumulam — metáfora visual que mistura nojo e fascínio em igual medida.

Quando chega a explicação, nada de exposição longa: as peças simplesmente se encaixam e desenham um quadro macabro envolvendo eugenia, imortalidade e muito, muito lucro. É o tipo de final que faz você revisitar mentalmente cada cena em busca de aviso prévio.

Se curte suspense que respeita sua inteligência, mas não dispensa cenários góticos high‑tech, A Cura entrega 146 minutos de desconforto planejado — e satisfação tardia quando tudo faz sentido, lá no último segundo.

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Gabriel Pietro

Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.

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