Filosofia

Mario Sergio Cortella – Cuidado com um homem de um único livro

Nessa fala de três minutos o professor Cortella explana sobre os propósito da escrita. Por que as pessoas escrevem? quais necessidades têm alguém de se manifestar pela escrita? E o que dizer de um autor de um único livro?

Assista ao vídeo ou, se preferir, leia a transcrição logo abaixo.

 

“Cada um tem seus motivos na literatura, na escrita. Há pessoas que escrevem para falar com os outros, há pessoas que escrevem para falar consigo mesmo. Há pessoas que escrevem e não mostram, há pessoas que escrevem e mostram em grande quantidade. Há pessoas que quando lançam um livro, chamam bastante gente e há pessoas que querem um pouco mais de pudor e discrição.

Há pessoas que escrevem para chorar por dentro, há pessoas que escrevem para poder dizer o que querem deixar registrado como uma permanência e há pessoas que não escrevem porque acham que não sabem escrever. Há pessoas que não sabem escrever no sentido técnico e que cantam, e que fazem música.

Se você imagina, Nelson Cavaquinho, um dos nossos grande autores da música popular brasileira, um homem que foi capaz quase, quase analfabeto que era, de fazer parte das letras mais belas que a gente tem na MPB. Ele que não passou pela escolarização quase nenhuma e que faz um verso junto com Guilherme de Brito: “Tire o teu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor” .

Imagine Cartola, imagine o Pixinguinha, homens que foram capaz disso. (Aliás, esse verso do grande Nelson cavaquinho e Guilherme de Brito, é usado também em relação a pessoas que praticam a discriminação racial, porque um dos pensadores de São paulo criou uma frase maravilhosa que é: “Tire o seu racismo do caminho que eu quero passar com a minha cor.” Olhe que coisa genial.

Essas coisas que fazem da escrita, do movimento algo que nos encanta. Não é casual que as grandes religiões, as três maiores hoje no planeta em larga escala, que elas tenham como referência um livro, ou um conjunto de livros, biblios. Religiões do livro, o judaísmo, o cristianismo, o islamismo que registra sua história, sua convicção, sua crença. Por ela vive, muitas vezes por ela mata.

Há uma frase antiga que diz : Cuidado com o homem de um único livro.
Cuidado com o homem de um único livro porque ele tem obsessão por aquelas ideias, e isso é perigoso. Uma das coisas boas é exatamente imaginar o quanto que a Literatura se coloca de vários modos.”

Pensar Contemporâneo

Um espaço destinado a registrar e difundir o pensar dos nossos dias.

Share
Published by
Pensar Contemporâneo

Recent Posts

A Netflix decidiu entregar tudo antes do Natal: 5 estreias obrigatórias para ver agora!

Dezembro na Netflix Brasil vem daquele jeito caótico que a gente gosta: você abre o…

1 dia ago

No fim do mundo, ele acreditava estar melhor sozinho — até que uma estranha surge com respostas que ele não estava pronto para ouvir

Se o fim da humanidade virasse realidade amanhã, tem gente que sonharia com cidades vazias,…

1 dia ago

Drama brutal que revelou Jennifer Lawrence acaba de chegar ao streaming — e destrói emocionalmente quem assiste!

Antes de virar estrela de franquia gigante e figurar entre as atrizes mais disputadas de…

1 dia ago

Esse filme da Netflix é tão perturbador que muita gente sai dele em verdadeiro coma existencial

Tem filme de terror que assusta pelo susto; O Poço faz outra coisa: ele te…

5 dias ago

A estética dos jogos digitais e o novo imaginário cultural: por que as demos importam mais do que parecem

O universo dos jogos deixou de ser apenas entretenimento. Tornou-se linguagem, metáfora e até lente…

5 dias ago

O filme italiano da Netflix que descreve exatamente a confusão de chegar aos 30 — e dói de tão real

Tem gente que apaga vela de aniversário aos 30 com a sensação de que ganhou…

5 dias ago