É possível ser feliz, desde que saibamos de antemão: é impossível ser feliz o tempo inteiro. A pós-doutora em neurociências integradas Claudia Feitosa-Santana conta pra gente quais os cinco passos para ser feliz, segundo a neurociência.

Assista ao vídeo ou leia a transcrição logo abaixo 

Por quê?

Nosso mundo é feito de contrastes. Quando o contraste é muito pequenino,
nosso cérebro não é capa de perceber. O nosso cérebro passa a perceber
quando o contraste é grande o suficiente.

E o que significa isso? É preciso ver o escuro para poder ver o claro, assim
como é preciso experimentar o frio para poder valorizar o calor ou vice versa.
Então, não existe felicidade para quem nunca sentiu tristeza. É muito difícil
conseguir valorizar o amor se nós nunca vivenciamos o desamor. E aí fica fácil
da gente entender porque não existe o filme “foram felizes para sempre”. Por
quê? Esse filme deveria se feito de contrastes e felizes para sempre não tem
contrastes e a felicidade está justamente na valorização das diferenças dos
contrastes.

Dito isso, então, nós temos o primeiro passo para sermos mais felizes, que é ser
resiliente. A tal resiliência, o que é? Ela é a nossa capacidade de passar por
momentos difíceis, sem negá-los, mas como o olho no futuro. É isso que nos leva
a sermos mais felizes.

A felicidade tem o aqui e agora e o futuro, tudo junto. A felicidade contém o
benefício presente e o benefício futuro. Quem vive só no futuro, não consegue ser
feliz agora e quem vive só no presente, dificilmente consegue ser feliz amanhã.

A melhor analogia é a comida. Comer algo saboroso e não saudável, garante a
felicidade hoje, mas dificilmente amanhã. E comer algo que é saudável, mas não
é saboroso, traz a felicidade amanhã, mas não hoje, ou seja, a melhor comida é
a que é saborosa e saudável, porque ela contém dentro dela o benefício
presente e o benefício futuro. E junto com comer bem vem dormir bem, porque
quando dormimos mal o que acontece? Nós aumentamos a nossa chance de ter
depressão e problemas com ansiedade. E quando dormimos bem, nós
aumentamos a chance de fazermos melhores escolhas, tanto no presente quanto
no futuro.

Então, esse é o segundo passo para sermos mais felizes, que é comer e dormir
bem. O que acontece? Quando a gente come bem e a gente dorme bem, nós
alimentamos o nosso corpo e o nosso cérebro. Nosso cérebro fica muito mais
equilibrado e nos devolve bem estar.

Ao contrário do que muitos pensam, o stress não é um problema para
felicidade. O problema para ser feliz é não se recuperar do stress, e esse é um
dos fatores pelos quais dormir é tão necessário. Descansar é essencial e por
isso que é tão importante para nos ajudar a sermos mais felizes. Comer e
dormir bem ajuda a estarmos mais focados e esse é o terceiro passo para
sermos mais felizes: Estar focado.

Foco nas pessoas com as quais nos encontramos é sinônimo de tempo de
qualidade. Para estar focado vale a regra menos é mais:

Nós devemos fazer menos coisas, simplificando a vida para poder ser mais
produtivos e mais felizes. Foco anda junto com gratidão. Dividir atenção é
quase sempre o mais que é menos. Estar focado ajuda a não procrastinar.
Porque a procrastinação anda junto com a infelicidade. Então, quanto mais
focado, menos procrastinação e maior é a chance de ser feliz. Estar focado
também nos ajuda a identificar tudo que de bom a gente tem.

Então, junto com comer bem e dormir bem, uma outra coisa que ajuda a ficar
focado é a meditação. Ela pode nos ajudar a estarmos mais focados, ou seja,
termos mais atenção ao presente, termos mais consciência.

E aí vem o quarto passo que também ajuda a estar mais focado que é fazer
exercício. Por que fazer exercício? Porque nosso corpo precisa produzir uma
série de substâncias que também ajuda alimentar o nosso cérebro, e o nosso
cérebro mais equilibrado é o que nos dá bem estar. E fazer exercício trinta
minutos, três vezes por semana, já traz mais felicidade. E, fazer exercício na
companhia de outras pessoas nos faz mais feliz ainda.

E esse é o quinto passo, buscar boas experiências. Por quê?
O nosso cérebro mede experiência diferente de outras coisas. Nós precisamos
experimentar mais e comprar menos. O nosso cérebro mede as experiências de
forma diferente do que mede a aquisição de coisas. Então o que acontece?
quando a gente compra algo, essa nossa felicidade é muito passageira e logo
ela perde o valor. Já as experiências, não importa se é uma experiência muito
curta ou se é uma experiência muito mais longa, ela perdura, essa felicidade que
ela nos traz dura a longo prazo, ela dura muito mais tempo. Então, é muito mais
fácil ser feliz com experiência do que com coisas. E mais: escolher boas
experiências, em boa companhia, nos faz mais feliz ainda, essa é a experiência
compartilhada. Precisamos privilegiar as boas companhias e evitar as más
companhias.

Então, sentimentos positivos nos ajuda tanto a nos recuperar de stress quanto
aumenta as chances de sermos mais felizes. Então, o que acontece? dois
exemplos: por exemplo, sorrir. Sorrir faz bem para a saúde. O interessante é
passar o seguinte: mesmo quando a gente tá mais ou menos triste, se a gente
fizer um esforço e sorrir, a gente consegue enganar o nosso cérebro, que passa
a achar que a gente já está menos triste e acaba nos dando uma sensação de
mais bem estar, nos fazendo ficar literalmente mais felizes.

Uma outra coisa que ajuda nessas experiências positivas, por exemplo, se você
não tá muito legal e você escuta músicas de épocas muito felizes da sua vida,
faz com que você se sinta melhor e te ajuda a ser feliz.

Em dois milhões de anos, nós triplicamos o nosso cérebro, não em tamanho,
mas em peso. Isso significa que aumentamos as nossas conexões,
principalmente das regiões frontais. E o que isso trouxe? a possibilidade da gente
imaginar e experimentar dentro d nossa mente, tanto o presente quanto o futuro.
E aí a gente pode fazer escolhas do que a gente realmente quer buscar viver. E
assim nós vamos fazendo escolhas. Escolhas que quando são feitas com
prudência e com cuidado, normalmente nos trazem felicidade. Mas quando
guiadas por uma ambição ilimitada, geralmente ela vem acompanhada de roubo,
desonestidade, traição, imprudência, covardia, geralmente trazendo infelicidade
para nós mesmos e para aqueles que nos cercam.

Portanto, as nossas preocupações são um bem necessário… e que exige
equilíbrio para fazermos escolhas pensando no futuro. Enfim, ser resiliente,
comer e dormir bem, estar focado, fazer exercício e buscar boas experiências,
não precisa de muito dinheiro e nos ajuda a sentir a tão desejada felicidade.

Vídeo produzido pelo canal Casa do saber

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