Quando metanol entra na jogada, o problema real não é o líquido em si, mas o que o corpo transforma dele: ácido fórmico.

Esse metabólito ataca especialmente o nervo óptico e o cérebro, provocando desde visão borrada até parada respiratória. Em bebidas “batizadas”, o metanol costuma aparecer por erro na destilação/retificação ou por fraude deliberada.

Quanto metanol basta para causar dano?

Os números abaixo são para metanol puro (100%). Em bebidas adulteradas, a conta depende da concentração (veja os exemplos mais adiante).

  • 4–10 mL: já houve relatos de lesão visual (borramento, “neve” na visão, fotofobia), sobretudo sem atendimento rápido.
  • 10–15 mL: alto risco de sequelas visuais permanentes, como perda parcial de visão.
  • ≈30 mL ou mais: risco significativo de morte sem tratamento intensivo.

A suscetibilidade varia com peso, jejum, doenças prévias, e especialmente presença de etanol (álcool comum), que retarda o metabolismo do metanol e pode “mascarar” sintomas por horas.

pensarcontemporaneo.com - Bebidas adulteradas: descubra quantos ML de metanol já bastam para causar cegueira e sequelas graves!

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Em resumo: poucos mililitros de metanol puro já podem deixar marcas. O perigo real em bebidas adulteradas é que a pessoa não percebe a concentração.

Como transformar isso na “vida real” (a conta da adulteração)

Para estimar o risco, você precisa da concentração de metanol na bebida (em % v/v). Fórmula prática:

  • Volume da bebida necessário (mL) = (mL de metanol puro que causam dano) ÷ (concentração de metanol em decimal)

Exemplos (alvo: 10 mL de metanol puro, faixa em que já há risco de sequela visual):

  • 5% de metanol: 10 ÷ 0,05 = 200 mL da bebida (pouco menos que um copo americano cheio).
  • 10% de metanol: 10 ÷ 0,10 = 100 mL (meio copo).
  • 20% de metanol: 10 ÷ 0,20 = 50 mL (um shot “largo”).
  • 30 mL de metanol puro (faixa de risco de morte):
    – a 5% → 600 mL da bebida;
    – a 10% → 300 mL;
    – a 20% → 150 mL.

Perceba o absurdo: concentrações altas fazem um shot virar perigoso.

Quando os sintomas aparecem

Há um intervalo livre (geralmente 6–24 h), que pode passar de 24–36 h se houve ingestão de etanol junto (o álcool comum “disputa” a mesma enzima). Quando os sinais chegam, costumam incluir:

  1. Visão: borramento, halos, “neve”, dor ocular, fotofobia;
  2. Geral: náusea, vômito, dor abdominal, tontura, hiperventilação (tentativa do corpo de compensar a acidose), sonolência;
  3. Alarme: confusão, convulsões, respiração ofegante, queda de consciência.

O que fazer imediatamente

Procure emergência sem esperar “passar”. Metanol pede tratamento precoce.

Atendimento típico inclui: antídoto (fomepizol; ou etanol em protocolo hospitalar, quando fomepizol não está disponível), bicarbonato para acidose, hemodiálise nos quadros graves e suporte intensivo.

Não tente “contratratar” em casa com bebida alcoólica: é impreciso, atrasa o atendimento e confunde a avaliação clínica.

Como reduzir o risco na prática

Desconfie de preço baixo demais e de produto sem rastro fiscal/rotulagem adequada.

Evite “destilados artesanais” sem procedência ou de fonte desconhecida.

Em bares e eventos, prefira lacrados e verifique selos/rolhas.

Em caso de surto local, priorize marcas auditadas e lotes oficiais; se notar odor/paladar estranho, descarte.

Três pontos-chave para levar

Sequelas podem surgir com 4–10 mL de metanol puro; 30 mL já é faixa associada a morte sem intervenção.

Em bebida adulterada, um único shot pode concentrar dose perigosa, dependendo do % de metanol.

Demora de sintomas não significa segurança — é justamente o período em que vale buscar ajuda.

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Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.