Os pensamentos estão sempre conosco, mesmo quando não lhes damos atenção. Eles são inquilinos da mente que acumulam ideias como alguns juntam quinquilharias: são (pre)conceitos e crenças, reunidos ao longo da vida, costurados por influência da família, da escola, da sociedade que se tornam certezas, mesmo que não tenham evidências de que sejam corretos. O que significa isso? Que você pode acreditar em coisas que o fazem sofrer e elas existirem apenas em sua cabeça.

Quer um exemplo? Você supõe que, se for a uma festa, ficará ansioso e as pessoas vão ignorá-lo. Você antecipou uma série de eventos sem qualquer prova de que eles acontecerão, partindo do pressuposto de que é inábil e não sabe se comportar em grupo. Na verdade, são as crenças que tem a respeito de si mesmo que desencadeiam emoções e comportamentos desadaptativos, no caso, não ir à festa, por exemplo, que reforçarão os pensamentos (sou incapaz de manter relacionamentos), as emoções (frustração, fracasso, tristeza) e os comportamentos (evitação, isolamento). Você criou um cenário catastrófico que não tem base real.

Isso não quer dizer que todos os pensamentos estejam errados, apenas que, vivendo no automático regido pelas crenças de desamor, desvalor e desamparo, a maioria das situações de vida serão encaradas como dolorosas, ameaçadoras, difíceis, perigosas, e reforçarão os comportamentos que levem a evitá-las, que intensificarão as emoções negativas, que vão corroborar as crenças de desamor, desvalor e desamparo. Percebeu o círculo vicioso?

Em resumo, pensamentos não são fatos, e é preciso estar atento à qualidade dos mesmos. Se são frequentemente negativos, exagerados e antecipam apenas situações catastróficas, desconsiderando outros cenários possíveis, é preciso reestruturá-los. Isso não significa trocar os pensamentos negativos por positivos, mas ter uma visão mais realista de todas as circunstâncias, e assim poder enfrentar melhor até mesmo as desfavoráveis. Na escala de cores, entre o preto e o branco há uma infinidade de tons, e na vida também existem nuances que muitas vezes são esquecidas.

Para terminar: se estiver difícil encarar seus problemas, procure ajuda. A terapia cognitivo-comportamental é breve, objetiva e orientada para resultados.







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