O cantor e compositor Genival Lacerda morreu, nesta quinta-feira (7), aos 89 anos, no Recife, em decorrência de complicações da Covid-19. O músico estava internado na UTI, do hospital da Unimed, desde o dia 30 de novembro, quando foi diagnosticado com pneumonia em decorrência da doença causada pelo novo coronavírus. A informação foi confirmada pelo filho do artista, João Lacerda.

“Painho faleceu”, se limitou a dizer em seus stories no Instagram, Genival Lacerda Filho. Segundo comunicados recentes da assessoria de imprensa do artista, o estado de saúde de Genival era grave e ele respirava com a ajuda de aparelhos.

Internado desde 30 de novembro, na semana passada, o cantor apresentou piora no quadro clínico com nova infecção no pulmão. “No dia 31 de dezembro de 2020 houve uma piora no quadro de saúde de Genival Lacerda, uma queda na pressão arterial que precisou ser controlada com medicamentos e uma nova infecção no pulmão, sendo necessário novos antibióticos para combater a infecção”, disse o filho de Genival, João Lacerda, à epoca.

Durante o período em que esteve internado, a família do cantor pediu por meio das redes sociais que fãs, familiares e amigos doassem sangue para o tratamento de Genival.

Em meados de maio, o cantor já tinha passado pelo hospital e sido internado após sofrer um AVC. O cantor paraibano estava em casa quando passou mal.

Trajetória

Genival Lacerda foi um dos grandes nomes do forró e, com carisma e irreverência, se tornou um ídolo popular. Conhecido por todo o Brasil durante 64 anos de carreira, era um símbolo da cultura do Nordeste.

O cantor e compositor nasceu em Campina Grande, na Paraíba, em 5 de abril de 1931. Chegou a trabalhar na cidade como radialista, mas fez a primeira gravação como cantor quando já morava em Recife, para onde se mudou em 1953.

Genival gravou seu primeiro disco em 1956, um compacto duplo com “Coco de 56”, escrito por ele e João Vicente, e o xaxado “Dance o xaxado”, feito por ele com Manoel Avelino.

Ele gravou diversos álbuns e ficou conhecido pelo Nordeste como músico e radialista durante esta fase no Recife.

Em 1964, se mudou para o Rio de Janeiro. A consagração nacional veio com “Severina Xique Xique”, de 1975. O refrão “ele tá de olho é na butique dela” virou sua marca.

Em seguida, vieram sucessos como “Radinho de pilha”, “Mate o véio” e “De quem é esse jegue”, que consolidaram o estilo bem humorado do “seu Vavá”, como também era conhecido.

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Genival Lacerda em foto de junho de 2015 — Foto: André Moreira/Prefeitura de Aracaju

O músico viveu no Rio durante o auge da popularidade do forró no Sudeste, e conviveu com outros artistas fundamentais do estilo como Dominguinhos e Luiz Gonzaga.

Com Jackson do Pandeiro, teve uma relação ainda mais próxima, mesmo sendo bem mais novo. A irmã de Jackson, Severina, foi casada com um irmão de Genival.

Desde os anos 90, voltou a morar no Recife e, em 2016, ganhou título de cidadão recifense da Câmara dos Vereadores. Nos últimos anos, não tinha novos sucessos nas rádios, mas manteve o ritmo de shows e o reconhecimento popular.

No final de 2017, recebeu no Palácio do Planalto a medalha da Ordem do Mérito Cultural (OMC). Na cerimônia, Genival tirou seu chapéu estampado de bolinhas ao passar diante do então presidente Michel Temer.

Na sexta-feira (8), estava previsto o lançamento de uma faixa do DVD “Minha Estrada”, com a participação de artistas nordestinos, que foi gravado no Teatro Boa Vista, em agosto 2019. Em 13 de dezembro, aniversário de Luiz Gonzaga, foi feito o primeiro lançamento de faixa.

Apesar do falecimento de Genival, o lançamento da canção com o artista Zé Lezin, está mantido. “O artista faleceu, mas a obra dele vai ficar”, disse a assessora da família, Manuela Alves. Ao todo, são 15 faixas, com um lançamento por mês. A divulgação acontece pelas redes sociais e por plataformas digitais.

Genival deixou dez filhos, além de netos e bisnetos.







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