“A Idade só se Aplica às Pessoas Vulgares

A tendência para colocar uma ênfase especial ou organizar a juventude nunca me foi cara; para mim, a noção de pessoa velha ou nova só se aplica às pessoas vulgares. Todos os seres humanos mais dotados e mais diferenciados são ora velhos ora novos, do mesmo modo que ora são tristes ora alegres.

É coisa dos mais velhos lidar mais livre, mais jovialmente, com maior experiência e benevolência com a própria capacidade de amar do que os jovens. Os mais idosos apressam-se sempre a achar os jovens precoces demasiado velhos para a idade, mas são eles próprios que gostam de imitar os comportamentos e maneiras da juventude, eles próprios são fanáticos, injustos, julgam-se detentores de toda a verdade e sentem-se facilmente ofendidos.

A idade não é pior que a juventude, do mesmo modo que Lao-Tsé não é pior que Buda e o azul não é pior que o vermelho. A idade só perde valor quando quer fingir ser juventude.”

Hermann Hesse, in ‘Elogio da Velhice

Conheça o autor (fonte biográfica:Portal Educação):
Hermann Hesse nasceu em 1877, em Calw (Alemanha), filho de missionários protestantes. Entra cedo em choque com os pais, que queriam o filho pastor; não se submete à disciplina da escola e foge para a Suíça.

Hesse trabalha, então, como livreiro. Dedica-se à poesia e publica “Poemas” (1902). Dois anos depois, o romance “Peter Camenzind” – história de um jovem que se rebela contra sua aldeia natal e foge – tem grande aceitação de crítica e público.

O jovem escritor casa-se, mas continua revoltado contra o meio burguês e as convenções sociais – como se lê em “Gertrud” (1910). Muda-se para a Índia e conhece o budismo, que adotaria pelo resto da vida.

Após o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, engaja-se em atividades contra o militarismo alemão. Em 1919, publica “Demian”, influenciado pelas idéias do psicanalista Carl G. Jung.

“Sidarta” é de 1922. Sem encontrar a solução para seus problemas na Índia, conta a história de sua vida em “O Lobo da Estepe” (1927). Em 1943, publica “O Jogo das Contas de Vidro”, romance utópico, situado no ano de 2200.

Entre seus outros livros, vale citar, em especial, os romances “Rosshalde” (1913), “Knulp” (1915) e “Narciso e Goldmund”(1930). Prêmio Nobel de literatura em 1946, Hermann Hesse morreu em 1962, na cidade de Montagnola (Suíça).







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