Os chamados “hipopótamos da cocaína” que pertenceram ao narcotraficante Pablo Escobar estão fora de controle e devem ser abatidos, disseram cientistas. Eles temem que os animais, que se reproduzem na bacia do rio Magdalena, na Colômbia, possam arruinar o habitat natural do país.

Os animais africanos chegaram à Colômbia na década de 1980, quando o narcotraficante Pablo Escobar os contrabandeou para um jardim zoológico privado.

Os hipopótamos se espalharam de sua casa original, cerca de 160 quilômetros a leste da cidade de Medellín, no departamento de Antioquia, dispersando-se ao redor da bacia do rio Magdalena à medida que sua população continuou crescendo.

Atualmente, a Colômbia é casa de 80 a 100 hipopótamos, mas até 2040 pode ter uma população de até 1,5 mil hipopótamos, o que dificultaria o controle e seria irreversível para o meio ambiente, segundo informaram especialistas ao jornal Telegraph.

Os autores do estudo, publicado na edição de janeiro da revista Biological Conservation, recomendam que os hipopótamos sejam abatidos para evitar efeitos negativos de longo prazo, mas outros cientistas estão pedindo um programa de castração para controlar a população de hipopótamos, citando preocupações com o bem-estar dos animais e o apego de alguns moradores aos seus novos vizinhos.

Na África, o crescimento populacional dos hipopótamos é contido pelos períodos de seca e caça dos predadores, mas na bacia do rio Magdalena, onde os animais africanos não têm inimigos naturais e os períodos de seca não são longos, a velocidade de reprodução pode crescer, conforme estudo de Castelblanco-Martínez, publicado na revista Biological Conservation.

Além do mais, urina e fezes dos hipopótamos são tóxicas, sem contar nas bactérias perigosas que carregam, que podem acarretar problemas a outras espécies e até mesmo aos seres humanos.

Os defensores dos direitos dos animais lutam pela defesa dos hipopótamos. Mesmo assim, os cientistas acreditam que os ativistas não veem uma imagem completa da situação.

Ecólogos há muitos anos tentam esterilizar os animais, mas o processo demora muito tempo e precisa de muitos esforços, que são escassos.

De 2011 a 2019, quatro machos foram castrados e duas fêmeas foram esterilizadas, mas isso “não parece ter um impacto importante na reprodução”, segundo o estudo.

Os pesquisadores dizem que provavelmente existem mais de 80 hipopótamos na área hoje, contra 35 em 2012, e temem que os hipopótamos continuem a se espalhar pela Colômbia se nenhuma ação for tomada.

Mas, embora os autores do estudo recomendem um abate, Enrique Zerda Ordóñez, biólogo da Universidade Nacional da Colômbia, acredita que os programas de castração são o caminho a seguir.

O abate dos hipopótamos seria uma “opção fácil”, disse Zerda, mas poderia afetar a sobrevivência de uma espécie ameaçada na África.

David Echeverri Lopez, chefe de florestas e biodiversidade da agência ambiental regional CORNARE, disse à CNN que a situação é delicada.

“A opção de matá-los sempre esteve em cima da mesa”, disse ele. “No entanto, é muito difícil imaginar que isso possa acontecer neste momento.”

Embora os hipopótamos sejam uma espécie invasora capaz de mudar completamente os ecossistemas locais, as pessoas na área se acostumaram com eles, disse Echeverri. Eles se tornaram uma atração turística pela qual as pessoas sentem algum carinho, acrescentou.

Alguns dos hipopótamos terão que ser mortos, porque é “praticamente impossível” encontrá-los e realocá-los ou esterilizá-los.

O programa de esterilização poderia ter sido eficaz se as autoridades tivessem encontrado verba suficiente na fase inicial, mas agora o problema só pode ser resolvido exterminando os hipopótamos, de acordo com Castelblanco-Martínez.

Informações da CNN – Imagem ilustrativa: Pixabay







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