Historiadores estimam que só na Península Itálica mais de 50 mil mulheres foram julgadas por feitiçaria entre 1500 e 1700.

É justamente nesse cenário de inquisição tardia que se desenvolve Luna Nera, produção italiana de seis episódios que passou quase despercebida quando chegou à Netflix, mas merece atenção de quem curte drama sombrio temperado com folclore mediterrâneo.

pensarcontemporaneo.com - Série da Netflix sobre caça às bruxas no século 17 vai te prender do começo ao fim

Leia tambémSérie de suspense da Netflix mostra homem se colocando na prisão para encontrar a filha que foi sequestrada

Logo no primeiro capítulo conhecemos Ade, adolescente que trabalha como parteira ao lado da avó em uma aldeia próxima a Roma. Um parto complicado, porém, termina em tragédia, e a comunidade faz o que costuma fazer quando busca culpados: aponta para a “arte negra”.

Obrigada a abandonar sua casa levando apenas o irmãozinho, Ade atravessa matas geladas até encontrar um refúgio administrado por Tebe e Persepolis — mulheres rotuladas de bruxas que transformaram antigas catacumbas em escola de cura com ervas, astronomia básica e autodefesa com lâminas.

pensarcontemporaneo.com - Série da Netflix sobre caça às bruxas no século 17 vai te prender do começo ao fim

Enquanto aprende a controlar visões de futuro que surgem sempre que toca em ossos ancestrais, a protagonista se apaixona por Pietro, filho do caçador de feiticeiras local.

O romance, obviamente proibido, injeta dilemas morais na trama: ficar e proteger o clã feminino ou fugir e viver de forma anônima?

A série aproveita para discutir ciência versus superstição usando Pietro como estudante de medicina que questiona a perseguição imposta pelo próprio pai.

pensarcontemporaneo.com - Série da Netflix sobre caça às bruxas no século 17 vai te prender do começo ao fim

Visualmente, Luna Nera capricha em detalhes de época: velas tremulantes iluminam corredores de pedra, vestes em tons terrosos contrastam com mantos azul-profundo usados nos rituais, e a trilha de piano minimalista reforça o suspense sem roubar cena.

O roteiro organiza capítulos curtos (menos de 50 minutos) e fecha cada um com pequenos ganchos, fazendo a maratona fluir sem enrolação.

Para quem adora narrativas sobre caça às bruxas mas já cansou de ambientações anglo-saxãs, a série entrega perspectiva italiana rara, dialoga com lendas regionais e ainda costura debates sobre autonomia feminina que continuam atuais.

Leia tambémCaso de ex-jogadora de vôlei que chicoteou entregadores no Rio tem desfecho na Justiça – veja a sentença

Compartilhe o post com seus amigos! 😉







Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.