Quando um crítico passa de observador a peça central do espetáculo, a plateia muda de lugar. Em O Crítico (The Critic), Ian McKellen encarna Jimmy Erskine, figura temida na Londres dos anos 1930, cujo texto curto e afiado decide o destino de atores e diretores.
É cinema de intriga cultural e jogo de poder em redação — com romance perigoso, chantagem e reputações em leilão.
Erskine vive do cutelo. Há décadas no Daily Chronicle, ele já confunde análise com ataque pessoal e vê sua influência ameaçada por nova direção e fusão iminente do jornal.

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Fora do expediente, alimenta riscos que podem destruí-lo: passeios noturnos por Regent’s Park em busca de sexo pago, sempre na sombra de uma moralidade pública hipócrita. McKellen, em modo veneno elegante, dá a esse homem um misto de charme e ameaça que prende cada cena.
Entra Nina Land (Gemma Arterton), atriz em ascensão que vira alvo de uma resenha cruel. Em vez de aceitar o veredito, ela confronta o crítico — e, por acaso, descobre o segredo que pode virá-lo do avesso.

Daí nasce um xadrez sujo: aproximações calculadas, alianças por conveniência e uma troca de favores que envolve o magnata da imprensa David Brooke (Mark Strong). A proposta é direta: Nina seduz o patrão, Erskine reergue a própria coluna com elogios públicos. Nada sai barato.
O tabuleiro complica com Tom Turner (Alfred Enoch), secretário e amante clandestino de Erskine, e com Stephen Wyley (Ben Barnes), paixão verdadeira de Nina. As peças se movem entre bastidores de teatro, gabinetes de jornal e quartos de hotel, enquanto acidentes “sociais” viram munição.
O roteiro de Patrick Marber, adaptado do romance Curtain Call de Anthony Quinn, alterna humor ácido e tensão sem fazer discurso — cada gesto tem custo.

Na forma, Anand Tucker dirige com precisão, amarrado à fotografia caprichada de David Higgs, que acende o brilho das salas e o breu dos parques.
Há pausas saborosas para o debate teatral: Lesley Manville, como Annabel, mãe de Nina, contracena com Erskine sobre diferenças entre teatro elisabetano e jacobino, o lugar de Marlowe e a influência sobre Shakespeare — não como pedantismo, mas como munição de caráter.
O resultado é um retrato sem filtro de vaidade, medo e sobrevivência no ecossistema da crítica. McKellen entrega um vilão sedutor que você vai odiar e aplaudir, Arterton equilibra fragilidade e cálculo, Strong encarna poder com rachaduras, e Enoch dá humanidade ao elo mais exposto dessa corrente.
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