Não é de hoje que as redes sociais passaram a influenciar a forma como enxergamos as pessoas — e a nós mesmos. Mas poucas séries conseguem transformar essa reflexão em algo tão inquietante quanto Chloe, minissérie britânica disponível no Prime Video.
Com apenas seis episódios, a produção dirigida por Alice Seabright se destaca ao explorar como aparência, desejo e sofrimento se misturam em um cenário onde tudo parece perfeito demais para ser real.
A história gira em torno de Becky, interpretada por Erin Doherty (conhecida por The Crown), uma mulher que leva uma vida sem grandes eventos, marcada pela rotina e pelo distanciamento social.
Um dia, ela descobre que Chloe — sua antiga melhor amiga, com quem havia perdido contato — morreu repentinamente.
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O detalhe é que Becky vinha observando a vida glamourosa de Chloe pelas redes, acompanhando cada postagem, cada clique e cada suposta felicidade com crescente fascínio. Quando a morte da ex-amiga é tratada com superficialidade pelo círculo social que ela tanto idealizava, Becky decide se infiltrar nesse meio, mas não como ela mesma.
Assumindo outra identidade, Becky passa a frequentar o mesmo grupo de amigos de Chloe e se aproxima das pessoas que rodeavam a falecida.
É nesse ponto que Chloe revela seu verdadeiro peso: não há conforto na mentira, e cada passo dado nessa farsa tem um custo emocional crescente.
A série desconstrói a ideia de que é possível simplesmente “observar de fora” sem se envolver. Quando Becky tenta controlar a narrativa, ela se perde nas versões que inventa — e nas versões que as outras pessoas escondem.
O que poderia ser só um suspense sobre falsidade e investigação toma outras proporções ao tocar em assuntos como luto não resolvido, autossabotagem, manipulação emocional e a dificuldade de se aceitar como se é.
Em vez de recorrer a cenas exageradas, a série aposta em um desconforto silencioso, que vai se intensificando conforme Becky se envolve mais fundo com aquelas pessoas e seus segredos.
Chloe também se destaca por colocar as redes sociais como parte central da trama, sem didatismo.
Não se trata de um aviso moralista sobre “o perigo da internet”, mas sim de um retrato nu e cru da forma como imagens editadas, conexões forjadas e vidas cuidadosamente expostas moldam relações e expectativas — inclusive nas situações mais dolorosas, como o luto e o fracasso pessoal.
Com direção firme e roteiro preciso, a minissérie provoca o espectador a todo momento, colocando em xeque quem está sendo verdadeiro e quem está apenas interpretando um papel.
E quando tudo começa a desmoronar, a dúvida que paira é: até que ponto Becky está disposta a sustentar a mentira — e quem ela se torna nesse processo.
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