Filosofia

Edgar Morin: demônio é sempre o outro

 

Morin filósofo, sociólogo, antropólogo e historiador e autor de mais de 60 livros de temáticas diversas e abrangentes. O intelectual francês é um dos principais pensadores do século XX na França, e coleciona títulos de doutor honoris causa em universidades ao redor do mundo. Aos 96 anos, Morin trouxe importantes reflexões sobre as transformações da sociedade ao longo do último século. Conferencista do Fronteiras do Pensamento em 2008 e 2011.

Muitos dos conflitos culturais, políticos e até mesmo militares que se vê na contemporaneidade são causados pela exaltação negativa do que nos diferencia dos outros, e não daquilo que temos em comum. A dificuldade de enxergar o estrangeiro como um igual afeta nosso sentido de humanidade e civilização. O filósofo Edgar Morin reflete, neste vídeo, sobre a incompreensão cotidiana que se coloca diante da diferença.

 

Também devemos reformar nossas vidas no sentido da compreensão do outro. Por quê? porque é notável que temos uma grande dificuldade para compreender um estrangeiro que tem costumes diferentes, ritos diferentes, crenças diferentes, ás vezes religiões diferentes. Temos dificuldade para compreender e sentir que ele é como nós, pois o especifíco das relações entre seres humanos é que o outro é, ao mesmo tempo, diferente e parecido conosco. Ele é diferente por sua singularidade, suas características prórpias, sua cultura, seu caráter. Mas ele é parecido conosco pela sua capacidade de sofrer, de amara, de chorar, de rir, de refletir.

Mas, esse problema de compreender o outro não existe somente em relação ao estrangeiro. Ele existe hoje no interior de nossas sociedades. Ele existe nas famílias. Há tanta incompreensão entre os casais que eles explodem e acontecem os divórcios. E às vezes há muita incompreensão entre pais e filhos, entre filhos e pais.

E por que existe tanta incompreensão na vida cotidiana, que envenena a vida cotidiana? Sentimos hostilidades mútuas uns com os outros e não apenas amizade, por quê? Porque não somos educados para conhecermos a nós mesmos, para conhecermos o outro. Porque cada um de nós sofre o que os ingleses chamam de ‘self-deception’, ou seja, a mentira a si mesmo. Cada um mente a si mesmo, quer esquecer suas fraquezas, suas carências e coloca o outro como vilão, o malvado que tem fraquezas e carências.

 

Publicação do canal Fronteira do Pensamento

Pensar Contemporâneo

Um espaço destinado a registrar e difundir o pensar dos nossos dias.

Share
Published by
Pensar Contemporâneo

Recent Posts

5 séries espetaculares que são baseadas em fatos reais – e perfeitas para maratonar rápido

Em tempos de streaming, nada melhor do que descobrir séries que não apenas entretêm, mas…

6 horas ago

Um dos melhores filmes de todos os tempos, segundo Tarantino, está na Netflix e é ótima pedida para o Sabadão

Se você está procurando uma pedida certeira para incrementar seu sábado, pode parar de buscar.…

6 horas ago

Homem é inocentado de dirigir bêbado após provar que tem condição raríssima que faz seu corpo produzir álcool

Na tranquila paisagem belga, um caso inusitado agitou o sistema judicial em 2022. Um cidadão,…

7 horas ago

Série mais vista do Brasil atualmente, disponível na Netflix, é um verdadeiro festival de loucuras

Em uma era em que as séries do streaming exploram temas cada vez mais complexos…

2 dias ago

Essa é a realidade perturbadora que acontece quando você esmaga uma aranha grávida

Se você deu de cara com uma aranha em sua residência, talvez seu primeiro impulso…

2 dias ago

Menina de 10 anos se salvou de virar comida de jacaré usando truque inusitado que aprendeu em parque temático

Num tranquilo dia de abril, a pequena Juliana Ossa teve sua rotina alterada drasticamente durante…

2 dias ago