Katie Holmes decidiu mudar de lugar no set e assumir a direção de um longa. O resultado é “Tudo Que Tínhamos” (2016), adaptação do livro de Annie Weatherwax assinada por Josh Boone e Jill Killington.

A atriz, conhecida por papéis populares no início da carreira, organiza aqui um projeto autoral que nasce de exercícios em curtas e se desdobra em trabalhos seguintes como “Alone Together” e “Rare Objects”, consolidando sua atuação atrás das câmeras.

Em primeiro plano, o filme acompanha Ruthie Carmichael (Stefania LaVie Owen), 13 anos, e Rita (a própria Holmes), sua mãe. Desgastada pelo álcool e por escolhas erráticas, Rita não consegue garantir estabilidade mínima para a filha.

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A dupla parte às pressas de um relacionamento abusivo levando um carro velho, poucas roupas e a urgência de recomeçar.

A rota improvisada aponta para Boston, mas a estrada cobra pedágio: pane mecânica, dinheiro curto e pequenos furtos para comer.

Numa parada de beira de estrada, as duas trombam com Marty (Richard Kind), dono de uma lanchonete, e com Peter Pam (Eve Lindley), sua sobrinha trans. O que poderia terminar em confusão vira apoio inesperado — um gesto que muda o rumo da história e abre espaço para um abrigo temporário e dignidade.

Instaladas naquele pedaço de cidade, mãe e filha experimentam algo próximo da normalidade: cama certa, rotina e pessoas dispostas a ajudar. Só que os antigos fantasmas de Rita não desaparecem com endereço novo. O filme trabalha essa tensão entre avanço e recaída, sem pressa e sem atalhos.

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O núcleo central é a relação entre mãe e filha, recortada por afeto, culpa e tentativas de acerto. Ruthie amadurece rápido, aprende a negociar com o mundo e a proteger o que tem; Rita precisa encarar limites e responsabilidades que sempre adiou. Essa dinâmica sustenta as cenas mais fortes e dá corpo ao tema: vínculos afetivos como mecanismo de sobrevivência.

Holmes evita moralismo. Em vez de apontar dedos, focaliza pobreza, instabilidade habitacional e trabalho precário como contextos que empurram gente para escolhas ruins. A direção aposta em proximidade — enquadramentos que colam nos rostos e pausas que deixam o desconforto respirar — para evidenciar como pequenos gestos solidários conseguem deslocar destinos.

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Outro acerto é o circuito de acolhimento criado ao redor das protagonistas. Marty e Peter Pam não são salvadores mágicos; são pessoas comuns oferecendo o possível: um prato feito, um turno de trabalho, uma escuta. A partir deles, o filme descreve redes informais que muitas vezes substituem políticas públicas ausentes.

Sem discursos inflamados, a obra aponta para as rachaduras de um modelo que concentra oportunidades em poucos. O drama é íntimo, mas conversa com questões sociais amplas: quem cai e quem tem onde cair.

Em meio aos tropeços, o afeto insistente entre Rita e Ruthie reorganiza prioridades e dá nome ao que move a narrativa: quando tudo falha, o cuidado continua empurrando a vida para frente.

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Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.