Há sete dias, uma série de terremotos causou destruição na Turquia e na Síria, matando muitas pessoas. No entanto, mesmo no meio do caos, algumas histórias de superação emergiram. É o caso da história de Necla Camuz.

Ela deu à luz seu segundo filho, chamado Yagiz, que significa “corajoso”, há apenas uma semana antes dos terremotos. Na manhã seguinte, ela estava alimentando o recém-nascido em sua casa, quando ocorreu o terremoto.

Necla e sua família moravam no segundo andar de um prédio de cinco andares. No entanto, o prédio foi destruído pelo terremoto, e Necla e seu bebê ficaram presos sob os escombros. Ela gritou pelo nome de seu marido e filho, mas não houve resposta.

pensarcontemporaneo.com - "Como sobrevivi soterrada com meu bebê de 10 dias após terremoto na Turquia"

Necla acabou caindo um andar inteiro e ficou com o bebê no peito por quatro dias, protegidos por um guarda-roupa que caiu ao lado dela, impedindo que uma laje de concreto os atingisse.

Deitada sob os escombros, Necla estava mergulhada na escuridão. Ela tinha que se apoiar em seus outros sentidos para compreender sua situação. Logo ela percebeu que o bebê em seus braços, Yagiz, estava respirando.

No início, a poeira tornou difícil para ela respirar, mas depois diminuiu. Ela conseguiu se manter aquecida, mas sentia-se presa debaixo de escombros e pedaços de concreto.

Apenas o guarda-roupa, a pele macia do bebê e suas roupas a mantinham aquecida. Ela ouvia vozes ao longe, mas quando tentou chamar por ajuda e bater no guarda-roupa, não houve resposta. Então, ela pegou pedaços de entulho ao seu lado e os bateu no guarda-roupa, mas sem sucesso. Ela estava preocupada de causar outro desabamento ao bater na superfície acima dela. Mas mesmo assim, não houve resposta.

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Necla se deu conta de que poderia ser possível que não houvesse nenhum resgate. Ela ficou aterrorizada. Vivendo nas sombras dos escombros, ela perdeu completamente a noção do tempo. Ela comentou que, quando se tem um bebê recém-nascido, se planeja muitas coisas, mas de repente tudo muda.

No entanto, ela sabia que precisava cuidar de Yagiz e, mesmo no espaço confinado, conseguiu amamentá-lo. Infelizmente, não havia água ou comida, então ela tentou sem sucesso beber o próprio leite. Ela conseguia ouvir barulhos vindo de cima e vozes, mas pareciam distantes e abafadas.

Decidiu economizar energia e ficar em silêncio, a menos que os sons se aproximassem. Ela pensava constantemente em sua família, preocupada com o marido e o filho perdidos nas ruínas, além de outros entes queridos afetados pelo terremoto.

No entanto, a presença de Yagiz a mantinha animada. Quando ele chorava, ela o amamentava silenciosamente até ele se acalmar.

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Após mais de 90 horas sepultada pelos escombros, Necla ouviu o barulho de cães latindo. Ela se perguntou se estaria sonhando. Os latidos foram seguidos por vozes humanas, que perguntaram se ela estava bem e em que apartamento ela morava.

Finalmente, ela havia sido encontrada. As equipes de resgate cuidadosamente retiraram os escombros para chegar até ela, enquanto ela segurava Yagiz. A escuridão foi interrompida por uma luz brilhante que iluminou seus olhos.

Quando a equipe de resgate perguntou quantos anos Yagiz tinha, Necla não tinha certeza, só sabia que ele tinha 10 dias de vida quando o terremoto aconteceu. Depois de entregar Yagiz aos socorristas, ela foi carregada em uma maca na frente de uma multidão, mas não reconheceu nenhum rosto.

Ao ser transferida para a ambulância, ela buscou confirmação de que seu outro filho também havia sido resgatado.

Após ser resgatada dos escombros, Necla foi levada para o hospital, onde reencontrou seus familiares que lhe informaram sobre o estado de seu marido e filho mais velho. Eles haviam sido resgatados, mas precisavam ser transferidos para outro hospital com ferimentos graves. Embora ela e seu bebê não tivessem sofrido lesões graves, foram mantidos no hospital por 24 horas para observação.

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Sem casa, Necla e sua família foram acolhidos por parentes que construíram uma tenda improvisada para eles e mais dez pessoas que também perderam suas casas. Na tenda, eles se apoiam mutuamente, fazendo café, jogando xadrez e contando histórias.

Necla ainda está lutando para aceitar o que aconteceu e acredita que só sobreviveu graças à força de seu bebê. Seu maior desejo é que ele nunca mais passe por uma situação assim e se alegra por ele ser um bebê recém-nascido e não se lembrar de nada.

Quando o telefone toca, ela sorri ao ver o sorriso e o aceno de seu marido e filho mais velho em uma cama de hospital através da tela. Irfan pergunta sobre o bem-estar de seu filho recém-nascido.

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Fonte: G1







Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.