Tem série que você assiste e pensa “ok, entretenimento”. E tem série que termina o episódio e você fica uns segundos olhando pro nada, porque a situação mudou de eixo, alguém mentiu (de novo) e você percebeu um detalhe tarde demais.

Homeland é desse segundo tipo — e o melhor: a Netflix Brasil já está com a série disponível no catálogo, com 8 temporadas.

A premissa parece simples no primeiro minuto: Nicholas Brody, um fuzileiro americano dado como morto, volta pra casa depois de anos em cativeiro e vira símbolo nacional. Só que a agente da CIA Carrie Mathison compra uma briga feia ao suspeitar que ele pode ter sido “virado” e estar ligado a um plano maior.

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A partir daí, o texto não fica se apoiando em explosão e tiroteio para segurar sua atenção; ele faz isso na conversa curta, na informação incompleta, no olhar que demora meio segundo a mais.

O que colocou Homeland no radar do mundo foi a forma como ela mistura espionagem com consequências humanas — e isso passa direto pela Carrie. A personagem (vivida por Claire Danes) tem uma inteligência afiada e um comportamento que nem sempre “cabe” nas reuniões, nos protocolos e nas relações pessoais.

A série deixa claro que esse atrito é parte do motor da história: quando ela acerta, o acerto vem caro; quando ela erra, o estrago costuma ser público. No meio disso tudo, Saul Berenson (Mandy Patinkin) funciona como mentor e âncora ética… até o momento em que a própria ética vira terreno escorregadio.

Vale saber também de onde Homeland saiu: ela foi desenvolvida por Howard Gordon e Alex Gansa e nasceu como adaptação da série israelense Hatufim (Prisoners of War), criada por Gideon Raff.

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Essa origem ajuda a explicar por que o enredo tem tanta paciência para trabalhar trauma, lealdade e ambiguidade, em vez de correr só atrás do “vilão da semana”.

Falando de ritmo: Homeland é ótima em “apertar o parafuso” sem fazer barulho. Um episódio pode ser quase todo construído em cima de uma hipótese — e o próximo desmonta essa hipótese com duas frases e uma ação pequena (às vezes, um telefonema).

É uma série que respeita o espectador: ela entrega informação, mas raramente entrega conforto. E quando quer te enganar, ela te engana com lógica interna, não com truque barato.

Outra vantagem: dá pra sentir a série mudando de pele com o tempo. As primeiras temporadas são mais centradas no cabo de guerra Carrie–Brody, com o suspense emocional andando junto do político.

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Depois, o foco se expande e a trama passa a circular com mais força por operações, alianças internacionais e jogos de interesse que não cabem num herói “limpinho”. Isso mantém o interesse mesmo quando você já entende o “estilo” da série: ela troca o tabuleiro, muda as peças e, principalmente, muda o que está em jogo.

Dito isso, uma resenha honesta precisa comentar um ponto que muita gente debateu: Homeland recebeu críticas ao longo dos anos por escolhas de retrato cultural e político, especialmente nas temporadas iniciais.

O lado bom é que a própria série foi sendo cobrada (pelo público e pela crítica) e acabou ficando mais cuidadosa e mais autoconsciente em vários momentos, com um texto que começa a mirar também falhas institucionais e custos morais do trabalho de inteligência — não só “o inimigo externo”.

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Se você quer um motivo prático pra dar play agora: além de ser uma produção muito bem falada, Homeland fechou com 8 temporadas (2011–2020), então você pega uma história com começo, meio e fim — sem medo de cancelamento no meio do caminho.

E, estando na Netflix Brasil, ficou bem mais fácil maratonar (ou ir no modo “um por noite”, que talvez seja mais saudável, porque tem episódio que dá vontade de ver o seguinte na hora).

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Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.